Ao longo do século XIX, muitos médicos consideravam que as vicissitudes do progresso, a superpopulação das grandes cidades, a dissolução dos costumes, a pobreza urbana e o esgotamento físico e mental dos tempos modernos seriam causas de aumento da frequência das enfermidades mentais, e que existiriam certas “patologias do progresso”. Adicionalmente, no caso do Brasil, a existência da escravidão africana (até 1888), a associação entre mestiçagem e degenerescência e a crença na inferioridade mental inata dos negros tinham implicações nas concepções médicas sobre as especificidades mentais dos habitantes da jovem nação.
Esta comunicação apresenta os resultados preliminares de pesquisa sobre a formação das ideias médicas a respeito das relações entre loucura, civilização e progresso, bem como sobre o entrelaçamento proposto entre alienação mental, raça e escravidão/liberdade, tendo como fontes principais textos médicos publicados no período entre 1870 e 1920.
Ana Maria Galdini Raimundo Oda
Universidade Estadual de Campinas, SP, Brasil